Um certo professor
colonial, no contexto da comunidade rural, adorava tomar o dom da palavra.
Este, na primeira oportunidade, dava-se o direito das falas públicas.
Alguns o admiravam
pela facilidade e eloquência do dom. Outros, na surdina, diziam “essa ladainha
de novo, não!” A realidade, no contexto dos inúmeros acontecimentos comunitários,
o tornaram conhecidíssimo.
A característica
marcante, no desfecho dos discursos, consistia numa frase de efeito e idioma
estranho aos moradores. Ele, para uns num francês e noutros num latim, dizia:
“A votre cher ami!” (“O vosso estimado amigo!”).
Algum colonial, numa
altura dos discursos, quis saber a tradução da típica expressão. O tradutor
(como forasteiro), desconhecia os idiomas, traduziu do alemão para o
português: “Sauft der alte Schweine” para
“- Bebam seus velhos porcos!”
O educador, nos
cinquenta anos de feliz matrimônio, quis fazer novamente bonito. Ele, conforme
a mania, pediu a palavra para “tradicional rasgação de seda”. O desfecho, como
de práxis, não poderia ter sido outro: “- A votre cher ami!” (no idioma
desconhecido).
O modesto rural, sem
medir as consequências e reflexão, deferiu um certeiro e rápido soco ao
beltrano. Ele, na sua própria festa, tinha-se relembrado da incômoda tradução:
“- Bebam seus velhos porcos!”.
Os convidados, no
contexto do tumulto, ficaram boquiabertos. Estes pareciam não querer acreditar
na reação do pacato cidadão. Um tumulto gerado por um singelo equívoco de
tradução. O falar bonito, em desconhecidas expressões, pode resultar nisso!
O papagaio fala
inconvenientes e acha graça. Os excessos, cedo ou tarde, originam confusão e
desentendimentos. Princípios e valores, típicos numa época, podem constituir-se
abusos noutra!
Guido Lang
“Singelas Crônicas do
Cotidiano das Vivências”
Obs.: História contada pelo senhor
Romildo Spellmeier/Colinas/RS.
Crédito da imagem: http://www.qualiblog.com.br
Pensar é livre, falar também, só fica magoado aquele que o coração não conhece a maneira simples das expressões sem maldades no coração....tenho dito, pense nisto Jussara.
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