quarta-feira, 31 de julho de 2013

O afetuoso aperto de mão


Um modesto cidadão, profissional dos serviços, mantinha o hábito de apertar a mão. A singela forma de aproximar e inspirar consideração e respeito entre conhecidos e estranhos!
As pessoas, como semelhantes, ganhavam um caloroso e sincero cumprimento. Os esporádicos encontros e reencontros, nos diversos eventos sociais, revelaram-se um momento de aproximação e convivência!
O camarada, aos alheios olhos, ganhou a suspeita de alimentar futuras aspirações políticas. A generalizada opinião comunitária, nos próximos pleitos, consistia de querer concorrer a algum cargo eletivo.
O cidadão, como princípio, adorava aprender com a experiência dos próximos, conhecer gente nova, ouvir ideias variadas, trocar experiências... A escola da vida ostentava-se em ser seu principal estabelecimento de ensino!
O fulano, para desfazer a imagem negativa de interesseiro e político, precisou externar uma razoável resposta. Este, a todo o momento, via-se perguntado das aspirações e intensões partidárias.
Ele, em síntese, externou: “- A minha candidatura, no máximo, presta-se a ser um bom cristão e marido. Tento dar o melhor de mim! A gente agrada a uns e desagrada a outros! A cara metade, em situações, cobra e reclama ainda! Tá difícil agradar a todos!”
O pessoal, de maneira geral, refletiu e riu-se das palavras. O bom cristão e marido, em muitas situações, não passa duma falácia. As práticas falam e as palavras mascaram!
Os eleitores, com tamanhas decepções e frustrações, encontram-se desconfiados e vacinados das ladainhas e lorotas dos políticos. Um afetuoso e bom cumprimento aproxima e revigora espíritos. A autenticidade transparece estampada nas faces dos indivíduos.

                                                                                          Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://blog.manager.com.br/tag/aperto-de-mao

A discreta vigilância


Os vizinhos, das redondezas, queixavam-se do sumiço frequente de artigos da produção agrícola. Algum malandro, na surdina, apropriava-se de alheios bens e  suores!
As suspeitas, no cruzamento de informações, davam conta de esporádicos roubos. As melhores colheitas, no primeiro descuido, “criavam pernas parciais nas lavouras e matos”.
Os desaparecimentos, a título de exemplo, relacionavam-se aos abacates, abóboras, banana, espigas (de milho verde), melancias, melões, raízes (aipim)...
As famílias, num pré-combinado, estabeleceram uma acirrada e discreta vigilância. O camarada, em suspeita, via-se com os movimentos observados! Este, nalgum cochilo, iria “morder a isca!”
Um vizinho, como chamarisco, deixou amadurecer no pé determinado cacho de banana. A vigilância, a partir das instalações e tensa vegetação, mantinha-se fácil como tocaia!
O cidadão, em suspeita, incursionou pelo espaço próximo a noite. O proprietário, com a mão na botija, repreendeu-o no flagrante. O ladrão tinha-se denunciado e desmascarado!
Este, daquele dia em diante, caiu na desconfiança e falatórios comunitários. Quaisquer sumiços, num primeiro momento, faziam referência ao larápio!
Os outros, da fama alheia, valiam-se para afrontar e aprontar maracutaias. O número de pequenos furtos acentuou-se no lugarejo. Ele, em primeiro plano, encontrava-se o apontado na autoria!
Os malandros podem mudam de lugar, porém a fama acompanha-os na migração. A ladroagem, como a mentira, costuma ostentar pernas curtas. As pessoas, em meio aos cochilos e descuidos, zelam pelos bens e patrimônios!

                                                                                          Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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terça-feira, 30 de julho de 2013

Um ingênuo aviso


Uma profissional, contratada para externar a vocação, deixou um recado claro à chefia. Ela, com as alturas, não queria arriscar a sorte e maiores incômodos!
O estabelecimento escolar, comum a cada ano letivo, almejaria apresentar suas vocações e divulgar o trabalho no seio comunitário! Justificar, em síntese, os enormes dispêndios públicos!
O ambiente, no ginásio multifuncional e pátio coletivo, precisaria ganhar uma especial decoração e um excepcional palco. Os profissionais, à instalação, viam-se contratados às funções!
A decoradora, para dar ares diversos às paredes nuas dos tijolos, ganhou a oportunidade profissional. Esta, em conversa com a chefia, combinou detalhes, horários, materiais, preços...
Um pedido, como particularidade, revelou-se anômalo e curioso. A direção, num instante, pensou nalguma besteira. Aquelas fobias próprias de cada indivíduo!
A cidadã, com temores de quedas e fraturas de ossos, saiu com um modesto pedido. O aviso, na fala informal, consistiu: “- Eu tenho medo de alturas! Eu costumo não trepar!”
Os ouvintes, de alguma distância, externaram a generalizada gargalhada. As gracinhas, num momento desses, não faltaram no cenário de arrumação e descontração!
Uma singela expressão ou palavra pode fazer diferença. Aspectos relacionados ao sexo dispensam maiores ensinamentos e explicações. As malícias encontram-se costumeiramente naqueles que ouvem e refletem!
                                                                      
Guido Lang
 “Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”


Crédito da imagem: https://www.agrotama.com.br

As mudanças no mercado


Os colonos, no passado, mantinham uma acentuada diversidade produtiva. As produções, como sobras nas propriedades, ostentavam uma miscelânea de artigos.
Os problemas, na hora da comercialização, relacionavam-se a carência de mercado. Abóboras, banha, carnes, frutas, cereais, leite, manteiga, nata haviam em abundância.
A briga relacionava-se a encontrar algum comprador. As cidades pequenas, com estradas esburacadas e precárias para o acesso, dificultavam ou impossibilitavam o escoamento.
A situação, com o aumento populacional e melhoria das rodovias (a partir de 1950), relacionou-se as vendas. O produtor pode produzir o variado e transformar em dinheiro. Este deixou de implorar para comercializar seus artigos!
Os produtores, de aves, bovinos, carvão, leite, madeiras, ovos, soja, suínos, conseguem em quaisquer momentos “passar e meter no troco” (transformar em dinheiro). O mercado, com o aumento da população urbana, encontra-se ávido por mercadorias!
Ele absorve montanhas de sobras rurais em função das grandes demandas urbanas. Milhões de pessoas vivem exclusivamente do abastecimento do campo.
O consumo diário chega a bilhões ou trilhões de toneladas nas megalópoles. Haja alimento, em fartura e produção, para abastecer e satisfazer toda essa gente!
O modelo econômico, em poucas décadas, mudou as condições e qualidade de vida. O atual asfalto, no interior de pacatas localidades, parecia alguma lorota de profecia ou utopia. Os produtores atuais, em menor número, superam em grande margem a produção dos outrora muitos.

                                                                                  Guido Lang
 “Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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segunda-feira, 29 de julho de 2013

O segredo da espécie


Uma determinada área, por séculos ou milênios, constituía-se no hábitat natural dos angicos. Uma madeira nobre à combustão e construções!
O Homem, com as necessidades da colonização, foi derrubando exemplares. Determinada área tornou-se potreiro. Plantas novas, com o consumo do gado, viam-se ceifadas ou inviabilizadas no crescimento e desenvolvimento!
Outro momento, as árvores nos matos rejuvenescentes, viram-se ressecadas numa anomalia. Alguma razão natural existia para o aparente extermínio da tradicional espécie da Floresta Pluvial Subtropical.
Uns espertos, metidos na toga de cientistas e observadores, falaram dos reflexos da excessiva combustão de veículos. A poluição, no lugar original, acabaria com a espécie!
A surpresa, como fim do pastoreio e o reflorestamento, adveio com o intensivo rejuvenescimento florestal. Sementes, preservados entre ciscos e solos, brotaram na aparência de velha praga.
O fôlego, na proporção das condições ambientais próprias, tomou forma no espaço. A planta, por alguma desconhecida razão, revela-se cíclica no hábitat! Os coloniais extraem proveito com a formosura e majestade da madeira de lei!
A natureza, no seio da terra, encarrega-se de resguardar exemplares. O Homem estuda e reestuda, porém carece de descobrir os reais desígnios divinos. As condições próprias, nos ciclos e épocas, permitem a diminuição ou multiplicação da população das espécies!
                                                                                                 
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências” 

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Um melindroso número


As pessoas, na proporção da idade, convencem-se do rápido transcorrer do tempo. Os dias, semanas e meses, na proporção dos anos, assumem a aparência de cada vez mais acelerados!
Inúmeros amigos, familiares e vizinhos anteciparam-se na partida ou viagem derradeira. A fila, das constantes escolhas, diminuem rápido de tamanho! Os parceiros, da assemelhada faixa etária, reduzem-se continuamente!
A conversa vai e vem sobre a prestação de contas! Um ancião, no sabor da reflexão, apontou a singela descoberta ou suspeita. Este, aos incautos e supersticiosos, chegou a assustar e reforçar temores!
O diálogo ligou-se temida idade dos sessenta e seis. Esta, entre os muitos números de anos, seria o mais melindroso da existência. Uma espécie de cheque mate ou número da besta!  
O caso ligaria a uma costumeira confusão de São Pedro. O santo, responsável pelas escolhas dos inúmeros chamados as alturas, confundir-se-ia com extrema frequência!
O santo, olhando de cima abaixo (do céu à direção da terra), faria suas escolhas. O equívoco, como genérica confusão, ligaria do seis pelo nove.
Os sessenta e seis passariam a significar noventa e nove! A razão de inúmeros irmãos perecerem nesta primeira idade! Os cuidados, próximo à data, revelar-se-iam redobrados!
Uns, em meio às desgraças e pesar, conseguem ainda fazer brincadeiras e chacotas. O cidadão nunca sabe do real infortúnio a espreita. As pessoas, em estórias e mentiras, revelam-se muito criativas e ousadas!

                                                                                        Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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domingo, 28 de julho de 2013

A montanha da vida



O indivíduo, na odisseia de oito a nove décadas, pode comparar a vida. Esta, a semelhança duma montanha, apresenta a subida e descida!
A primeira, num contínuo elevar, inicia com o desabrochar da nascença e estende-se até os aproximados cinquentas anos. A fase, como uma constante festa, mostra-se a época da força e vigor!
O cidadão, na progressiva escalada, acha as coisas uma brincadeira e diversão. As energias, depois duma ceia reforçada e noite bem dormida, encontram-se rejuvenescidas e revigoradas. O período revela-se próprio as aprendizagens, conquistas, façanhas...
A segunda, na proporção da achegada ao cume, sucede-se depois de meio século. O indivíduo, de forma acelerada, inicia a permanente descida. As dores, estresses, neuroses e patologias revelam-se de forma acentuada e frequente!
O indivíduo, com o corpo dolorido e requebrado, encaminha-se ao desfecho. O período, junto aos filhos e netos, ostenta-se próprio aos ensinamentos, histórias, repousos... A consciência aponta análises e avaliações dos acontecidos e trajetória!
O curioso, sem maior esforço, relaciona-se a saúde: qualquer santo ajuda rumo ao caminho derradeiro! O tempo final transcorre ainda mais adoidado! Aconchega-se, mais ou menos hora, em que qualquer dia mostra-se uma bênção e conquista!
O indivíduo, na velhice, pode esquecer a ideia de querer acumular e conquistar patrimônio. Os períodos, nas diversas fases, ostentam suas dores e sabores! Felizes daqueles, com inteligência e sabedoria, conseguem da vida fazer uma festa e obra-prima!

                                                                                     Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Obs.: História narrada por Annilda Strate Lang (1927-2007), Teutônia/RS/ Brasil.

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A oportunidade de adubação


A mulher, no contexto do pátio, vivia a reclamar. As folhas, com o advento do outono, caiam e redistribuíam-se pelos quadrantes!
O espaço, com eventuais visitas, ostentar-se-ia imundo! As conversas e fofocas, em função do desleixo, tomariam forma no meio comunitário! As referências familiares não seriam das melhores!
A queixa, em resumo, consistia: “- Nada fica limpo! A gente arruma e desarrumam! A sujeira espalha-se pelo ambiente! A umidade, em véspera de chuva, complementa o aroma com cheiros de putrefação!”
O marido, como companheiro e parceiro da propriedade, procurou dar uma modesta mão. Ele deu-se a incumbência de amontoar e varrer os restos vegetais!
O trabalho, num passo posterior, consistiu em ajuntar e colocar num cesto. Este, depois de cheio, foi despejado nas cercanias das frutíferas.
As bergamoteiras e laranjeiras ganharam adubação! A horta, entre alfaces, couves, rabanetes e salsas, viram-se preservados do ressecamento!
Os resultados, com a massiva fertilidade, viram-se nos meses subsequentes. As plantas, num especial desenvolvimento e verde ímpar, agradeciam deveras pelo excepcional húmus.
Certos problemas revelam-se singelas dádivas. Marido e mulher, numa família e propriedade colonial, complementam-se nas conquistas e tarefas. A natureza, na discrição da seiva, ostenta-se um constante morrer e renascer!

                                                                               Guido Lang
 “Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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sábado, 27 de julho de 2013

O azar do gambá


Uma família ao qual morava na cidade resolveu enveredar pelas colônias. Ela, num domingo de verão, queria maior distância do calor do asfalto e concreto!
Esta, numa circulação pela estrada marginal, deparou-se com um ingênuo e modesto bichinho. O animal, por alguma razão, mantinha-se desnorteado e órfão!
A esperteza e ousadia, a pedido da filha menor, consistiu em apanhá-lo e querer domesticá-lo. Este, como tenro filhote, acabou enrolado e colocado veículo adentro!
A família, no retorno a aglomeração urbana, andou uns bons quilômetros na rodovia principal. Esta, numa casualidade e surpresa, viu-se parado numa blitz da polícia rodoviária!
O transporte de animais, espécie da fauna silvestre, mostra-se crime inafiançável pela legislação ambiental. O condutor, não podendo pagar fiança, acaba direto no “xadrez” (cadeia)!
A mulher, como paliativo de safar o marido, ostentou uma genial e inusitada ideia e prática. Ela, sem menor dúvida e às pressas, enfiou o inocente bichinho debaixo da saia!
A senhora, as amigas e familiares, relatou posteriormente a façanha. Alguém, criado nas colônias, interrogou: “- O cheiro impróprio como ficou?” 
Esta, pensando tratar-se duma referência ao final da menstruação, externou o completo desconhecimento. A fulana, numa frase, sintetizou: “- O gambá que se ralou!”
A extrema necessidade leva a reações e soluções inusitadas. Inúmeros consumidores desconhecem o singelo trabalho da produção básica dos alimentos. Certas histórias, pela anomalia e ingenuidade, acabam comentadas e rememoradas!

                                                                               Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gamb%C3%A1.jpg

A mudança populacional


Um morador, durante trinta e dois anos, ausentou-se da localidade de nascença. A mudança de endereço, em função do casamento e trabalho, tornou necessária a migração.
A admiração e o espanto ocorreram no ato do retorno. Poucos conhecidos, velhos amigos e parceiros, viviam ainda no lugarejo. Pessoas novas ocuparam o espaço!
Os tradicionais patriarcas, com raríssimas exceções, haviam perecido. As crianças e jovens, na época da saída, tinham no ínterim constituído suas famílias.
Alguns filhos dos filhos daqueles tinham igualmente famílias e rebentos. Alguns novos, com os casamentos e vendas de lotes, haviam afluído e se instalado no espaço.
Os parceiros, da assemelhada idade e convivência escolar, tinham-se como contar nos dedos duma mão. A dificuldade consistiu em ter gente para conversar sobre os idênticos assuntos e interesses!
O jeito, como sabedoria, consistia em aprender a conviver com as novas gerações. Alguns velhos companheiros, próprios da idade, viviam enclausurados nos cantos e recantos. As companhias mostravam-se desinteressantes e inviáveis!
O cidadão, na infância ter profetizado a situação, acabaria tachado de louco pelos amigos. O imaginado, numa completa diferença, transcorreu com os fatos e vivências!
As mudanças, há cada dia ou semana, revelam-se constantes e rápidas. A idade avançada, para quem alcança, advém antes do imaginado e previsto! A vida, unicamente com o tempo, ensina certas realidades e vivências!

                                                                                             Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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sexta-feira, 26 de julho de 2013

Atualizar as conversas


Um conhecido, como de rotina, prometeu refazer a tradicional visita. O objetivo consiste em dialogar e colocar as fofocas em dia!
Ele, como uma espécie de andarilho, labuta cá e acolá como diarista. O fato faz conhecer a rotina e o patrimônio de inúmeras famílias da comuna.
Qualquer informação, mesmo detalhada, convém perguntar. Ele costumeiramente sabe informar! A convivência comunitária criou uma rica e vasta experiência.
O cidadão, como as pessoas em geral, adora alguma conversa e diálogo maior. Este gosta de ouvir os detalhes e particularidades dos acontecimentos comunitários.
O conhecido, na estrada geral, encontrou-o para um cumprimento e troca de algumas rápidas palavras. A pressa, em função de compromisso, obrigou-o a seguir sem maiores paradas e rodeios!
O amigo, no ínterim, pediu: “- Fulano! Vê se trazes bastante novidades! Quero tomar conhecimento das últimas fofocas do lugarejo. Mostra-se interessante estar atualizado!”
Uma realidade comum às pessoas conceder-se algum tempo para atualizar as conversas. Assuntos privados vêm-se comentados e debatidos!
As opiniões são formadas nesta conversação informal. A vida alheia, nos bastidores dos comentários, costuma ganhar ares comunitários.
A boa informação norteia a eficiência produtiva. Indivíduo esclarecido costuma ganhar a vida mais fácil! “A profissão sendo honesta, daí não importa como se ganha o pão”.
                                                                                         
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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A caçada amorosa


Um jovem, ao cidadão tarimbado, pediu a manha de chegar às meninas. Elas, nas colônias, mantinham-se escassas e exigentes!
O fulano, morador das colônias, mantinha poucas chances de arrumar uma em especial (diante das incursões e ousadia da gurizada das cidades). O embaraço via-se como um tremendo empecilho!
O senhor, com muita quilometragem (rodada nas colônias e cidades), explicou-lhe o segredo. Este deveria nortear-se pelo exemplo da caçada aos pombos do mato.
As aves, num protótipo de ousadia e vigilância, revelam-se deveras xucras! Os caçadores, audazes e experientes, conseguem unicamente abatê-las!
O senhor, em síntese, explanou: “- O caçador, diante da ave deveras arredia, coloca algum alimento próximo ao córrego ou nascente. Insiste, por alguns dias, no ato. Este, na hora do abate, fica de tocaia. Os pombos vem comer e ele dá o certeiro tiro!”
Este, na sequência, concluiu a explicação: “O enamorado, à menina escolhida, seiva com agrados, elogios, sorrisos... Ela, aos poucos, aconchega-se e cai na manha. A inteligência e paciência mostram-se primordiais”.
Quê uns tem demais, outros tem de menos! O difícil de uns, mostra-se fácil a outros! O cidadão, nas ambições e desejos, precisa arriscar a sorte e colocar de lado a timidez!
Cada qual com as espertezas e inteligências para atingir os objetivos. As dúvidas e perguntas do povo explicam-se com linguagens acessíveis e exemplos concretos. O óbvio, dos adultos, precisa ser explicado e exemplificado às crianças e jovens!
                                                                                 
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem:http://1ms.net

quinta-feira, 25 de julho de 2013

A imperfeição divina


Um produtor, a título de forragem, plantou uma imensa lavoura de cana. A plantação, às intempéries do tempo, via-se como reserva alimentar do gado!
A área, numa encosta de morro, ostentava uma caprichosa e produtiva lavoura. Um colorido ímpar, no seu verde claro, via-se externado no cenário geográfico rural!
Um curioso, numa ocasional visita, admirou-se do tamanho da cultura. Uma dimensão ímpar às metragens existentes nas propriedades minifundiárias de subsistência!
O cidadão, a título de intrometido, perguntou: “- Quantos dias levas para capinar toda essa extensão? Pouco tempo não deve ser para tamanho capricho e dedicação à produção!”  
O plantador, em termos gerais, disse: “- Aproximados sete dias de persistência e suor! O idêntico número de dias que Deus Pai levou para criar o mundo!”
O camarada, num questionamento ímpar, rebateu: “- O Criador, em função da pressa, criou errado a geografia. O cidadão pode reparar os equívocos no grande número de águas, baixadas, crateras, cumes, encostas, pedreiras, praias, vales... Uma buraqueira e ondulação danada!”
Certas conversas e respostas carecem de maiores explicações e referências. O indivíduo, por melhor que realiza certas tarefas, depara-se com acirradas críticas e questionamentos! As realizações de uns, incomodam os outros!
Uns arriscam-se a divergir e questionar as concepções divinas. O Homem, em função da extrema inteligência e racionalidade, atribui-se desígnios divinos. A natureza, despreocupada com os atropelos e querelas humanas, segue sua meta e sina!

                                                                                              Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Obs.: História narrada por Lirio Klein/Boa Vista Fundos/Teutônia/RS.

Crédito da imagem: http://experiencepc.wordpress.com/caterorias/wallpapers/

Uma explicação paterna


Um pai, entre às sete e oito horas da manhã, precisou levar a filha à rodoviária. Eles, pela estrada geral e ruas principais da cidade, depararam-se com o amontoado de gente!
Os dois, no ínterim, puderam reparar as pessoas num dia normal de trabalho. Muitos deslocando-se aos locais das fábricas. Outros a labutar pesado na construção civil.
O frio, no sabor do inverno, deixou de ser empecilho ao trabalho. Horários, das jornadas, precisaram ser cumpridos. A produtividade, para custear os salários, necessitou ocorrer!
O genitor, a jovem, explicou: “- Filha! Aprende para ganhar o dinheiro mais fácil. Quem estuda, ostenta certas regalias. A cabeça ajuda a quem se ajuda! A oportunidade não pode transcorrer em branco! A chuva nem sempre cai na horta da gente!”
A obrigação paterna, nos anos de experiência e vivência, consiste em ensinar e explicar as entrelinhas da existência. Os bons exemplos, para o entendedor, ensinam e falam por si próprios!
Quaisquer pais almejam um melhor aos seus filhos. Felizes aqueles que têm pais espertos e pacienciosos. A conversação e convivência revelam-se primordiais para conhecer e preservar as histórias e tradições familiares!

                                                                                            Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem:http://observatoriodiasporas.org

quarta-feira, 24 de julho de 2013

A velada gozação


Um colono, morador das proximidades da venda, procurou comprar e pegar um saco de farelo. Os suínos, junto à lavagem, precisariam de algum complemento alimentar.
O colonial, em função da distância e exclusiva unidade, procurou carregar nas costas. O percurso, de aproximados quinhentos metros com cinquenta quilos, permitia carregar no lombo.
O trabalho de cangar os bois. Colocá-los na carreta. Abrir cancelas do potreiro. O serviço parecia demorado e oneroso. O rápido seria carregar de próprio punho!
O carregador, no meio do trajeto, depara-se com um velho conhecido. Este, a título de descuido e propósito de não alevantar o saco, manteve o peso estático nas costas.
O parceiro, no ínterim, conta uma novidade em cima da outra (com vista de amarrar e demorar). O indivíduo, com o peso alevantado nas costas, dá vazão à chacota dos conhecidos e clientes da casa comercial.
O ingênuo, por uns bons quinze minutos, ficou parado com a meia centena de quilos no lombo. A imitação de algum burro mostrou-se um cenário próprio!
Os antigos, a título de gozação, tinham o hábito e passatempo de aplicar peças e trotes. Alguma tolice, a título de boa nova, via-se difundido aos quatro ventos!
Quem não teve ou tem as suas burrices e idiotices? O indivíduo, nalgum momento, cai nalguma artimanha ou “fria” como chacota ou lorota!
Os humanos, a exemplo dos símios, adoram rir-se dos próximos e semelhantes! A burrice e idiotice alheia revelam-se razão de boas gargalhadas e gozações!
Uns custam a safar-se das esdrúxulas e incômodas situações. O esperto previne-se a certos acontecimentos e apertos! A vida, nalgum momento, prega-nos nobres e sublimes ensinamentos e trotes!
                                                                            
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

 Obs.: História narrada por Lothário Dickel/Boa Vista Fundos/Teutônia/RS.


Crédito da imagem: globomidia.com.br

O segredo do mel


Os antigos, após os primórdios da colonização da Colônia Teutônia (1868), mantinham limitados recursos. A solução consistia em conhecer, observar e praticar!
Um colonial, a título de exemplo, não gostava do mel açucarado. Este, no frio de inverno, tratava de endurecer. O produto, no entender particular, deixava de ostentar aquele charme e qualidade natural.
O cidadão, conhecendo o calor do milho (amontoado em forma de espigas no paiol), resolveu inovar. O mel, armazenado em tachos, via-se guardado e introduzido no interior do amontoado do cereal!
O calor, repassado ao produto, mantinha a doçura e frescura natural. O açucarado deixou de haver com a singela prática. O açúcar de cana, com a carência monetária, via-se artigo de luxo ou remédio!
A inteligência consistia em achar uma prática e sábia solução aos dilemas. O propósito, como paliativo, advinha de unir o útil ao agradável.
O cidadão, nas adversidades, precisa aprender a virar-se. A inteligência consiste em achar saídas espertas as dificuldades imediatas! As soluções costumeiramente encontram-se na própria casa ou cercanias!
A modernidade, com o desenvolvimento e instalação das tecnologias, suplantou velhas práticas. Quaisquer exemplos e ideias, por mais malucas, encontram adeptos e seguidores. Os jovens, criados em meio às muitas facilidades, ousam ainda criticar e reclamar!

                                                                             Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”


Crédito da imagem: http://www.entrenalinea.com.br

terça-feira, 23 de julho de 2013

O intruso da encosta


Um morro, a longa distância, revela a presença dum ousado forasteiro. Uma planta, em meio à vegetação natural, dá os ares da sua diferença, graça e vigor!
Os coloniais, donos da propriedade, admiram-se da sua excepcional presença. As perguntas persistem: - Como acabou naquele íngreme espaço? Quem a introduziu?
A circulação humana, naqueles obstáculos naturais (de encostas e morros), ostenta-se esporádica ou nula. A espécie, nas cercanias, inexiste como cultura de reflorestamento!
Alguma modesta semente, Deus sabe donde, acabou introduzida e germinada entre nascentes, pedras e plantas. Um milagre da multiplicação da vida! Uma maravilha do vigor vegetal!
O curioso, como espécie rejeitada, relaciona-se a carência de consumo pela fauna silvestre. Os animais e aves, no cardápio, renegam o Pinus Elliottii (conhecido como pinheiro americano).
Alguma causalidade, com razão desconhecida, introduziu a espécie. A planta, como exótica da América do Norte, faz concorrência acirrada com a vegetação nativa.
Outras árvores, junto às amoreiras, sempre verdes e uvas japonesas, prometem infestar baixadas e encostas. Milenares e valiosas espécies naturais incorrem no extermínio! Os visitantes cedo acabam mandando no campinho!
Os matos naturais, diante do vigor das exógenas, encontram-se no sério desafio da sobrevivência. A natureza possui seus segredos da difusão e preservação. Quem quer sobreviver, obriga-se a se adaptar aos diversos ambientes!

                                                                          Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Obs.: História contada por Edson Dickel e Lothário Dickel/Teutônia/RS.


Crédito da imagem:http://www.conifers.org

A avaliação do apicultor


Um agricultor, num teste de eficiência, procurou avaliar o trabalho das abelhas. Este, num dia ensolarado e quente, espalhou algumas gramas de mel pelas cercanias do pátio.
O aroma adocicado, em minutos, fez aparecer às primeiras. Ele, como curiosidade, tentou afugentá-las! Outras, em instantes, somaram-se a conhecer o alimento!
O colonial, a contragosto, procurou retomar a prática de querer afastá-las. Elas, em agressivos sobrevôos e em maior número, passaram a oferecer forte e unida resistência!
O morador, num segundo momento, necessitou simplesmente correr da massiva invasão. Os insetos, numa acirrada romaria de mini-enxame, afluíram de inúmeras comunidades.
O propósito incessante foi de fazer seu trabalho. A missão de carregar e colher alimento. Os insetos, da função, não arrentaram o “pé” um centímetro sequer!
O idêntico aplica-se as inovadoras e progressistas cidades e países. Os lugares, a semelhança das abelhas, vêem-se invadidas pelos forasteiros. Estes, das paragens mais distantes e diversas, afluem aos milhares ou milhões.
O dinheiro, a semelhança do mel, atrai as levas humanas. A infraestrutura existente, com o inchamento, revela-se logo deficitária. Os cortiços e favelas, aqui e acolá, passam a pipocar nas periferias urbanas.
O comportamento social norteia-se pelas necessidades monetárias. Os homens, nalgumas barbaridades, superam a fúria irracional. As famílias direcionam-se na busca incessante pela dignidade e qualidade de vida!
                                                                                            
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem:http://www.qualitaturismo.com.br

segunda-feira, 22 de julho de 2013

O flagelo do retorno


Uma senhora, depois de certa idade, perdeu o marido. Os filhos cresceram e a casa grande ficou vazia. Ela, como única ocupante, sentiu-se tremendamente só!
A fulana, por anos, procura uma segunda companhia. Uma dificuldade colocar alguém dentro da residência (em termos de confiança). A solidão evita maiores confusões e riscos com relação aos direitos ao patrimônio!
Ela, para safar-se do isolamento, procura muito passear e sair. Algumas opções costumeiras são frequentar bailes, idas ao centro, viagens ocasionais, visitar amigas...
As lamúrias relacionam-se a tremenda solidão. Esta, na proporção da achegada a moradia, retoma a melancolia. Aquela sensação, na aparência, de sentir-se sozinha no mundo!
A fulana prescinde-se duma parceria. Aquela de compartilhar, conversar, dividir, recepcionar, reclamar, relatar, xingar... Os bichinhos, por completo, não preenchem o vazio!
O flagelo, em certos dias, assume ares de patologia. A solidão deixa-a desnorteada, estressada, nervosa... O estar só maior, na proporção dos demais estarem com suas famílias, verifica-se nos finais de semana.
A realidade denuncia outra problemática social dos centros urbanos! O indivíduo encontra-se cercado de gente e ao mesmo tempo sente-se abandonado e sozinho!
Os próximos evitam ou safam-se de maiores compromissos, diálogos e envolvimentos. Os rebentos possuem seus compromissos, interesses e programações!
A sabedoria popular versa: melhor sozinho do que mal acompanhado. Os problemas variam conforme as situações e realidades. O indivíduo resolve uma problemática, porém cedo cria outra!
                                                                                            
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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