sexta-feira, 31 de maio de 2013

O invejado beijo



A sicrana, num movimentado baile, entra toda cheirosa e embonecada no salão. Esta, como forasteira, conhece poucos e desconhece outros muitos frequentadores.
Esta, em meio a aparente folia e penumbra, encontra uma velha conhecida. O tradicional cumprimento revela-se um abraço e beijo. Uma norma corriqueira como manda a convivência e educação.
O beltrano, um completo desconhecido, repara as conversas e os cumprimentos. Este, na passagem da sicrana, trata de interrogar: “- Só ela ganha as cortesias? Encontro-me carente e enciumado desse afetuoso abraço e caloroso beijo!”
A sicrana, interessada nalguma companhia masculina, não deixou a retribuição por menos. Ela tratou de externar a gentileza assim como ganhar a devida contrapartida.
Uma amizade nova viu-se estabelecida a partir duma modesta implicância. O teor das palavras traduziu as vontades! As afinidades atraem as companhias e pares!
A felicidade, num aspecto, consiste em estar próximo aos amores! O carisma exprime-se em ter os estranhos como amigos e íntimos. O cidadão, neste mundo, precisa ser astuto e esperto com razão de saber viver com os tipos humanos e lugares!                                                                                                                                                                             
Guido Lang
“Singelas Crônicas do Cotidiano da Existência”

Crédito da imagem:http://fabioalx.blogspot.com.br


O pedido de subida



Uma turma, dum punhado de funcionários, encontrava-se no hall de entrada de um prédio. Um imenso edifício, de inúmeras salas, como local de trabalho no serviço público.
As brincadeiras, conversas e cumprimentos tomam vulto na proporção das achegadas. O pessoal, como interação e passatempo, comenta as afrontas e ocorridos! Algum comentário, fofoca ou implicância sempre rola no início dos expedientes!
Uma senhora moça, ao desbocado colega, solicita e pede: “- Vamos subir!” O cidadão, de imediato, admira o convite e acata a ordem. Uma meia dúzia de gente ouviu aquela singela conversa!
O malicioso colega, na extrema carência e intensão da quarta-feira, rebate: “- Como vou negar uma oferta dessas? Esta advinda duma elegância? Certas ofertas e pedidos não tem como recusar? Uma segunda oportunidade nem sempre advém! O másculo, para se prezar, precisa demonstrar a eficiência no exercício efetivo!”
O pessoal, em meio às gargalhadas e gozações, compreendeu de imediato o jogo de palavras. As coisas de sexo a todos desperta e interessa! A curiosidade, ao subir, relacionava-se ao elevador (na direção das salas superiores).
As entrelinhas revelam as veladas práticas. Ao bom entendedor meias palavras bastam! Os temas de sexualidade cedo vêem-se assimilados e compreendidos!

Guido Lang
“Singelos Sucedidos do Cotidiano da Existência”

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quinta-feira, 30 de maio de 2013

A onerosa burrice



Um ingênuo produtor queria dar uma de esperto para ganhar fácil. Este, na surdina, inventou de adicionar alguma água ao leite.
Uns poucos litros, ao seu produto diário, com razão de faturar (sem maior esforço e ônus). O pouco, no seu entender, faria escassa diferença no conjunto do total. Os compradores, na diluição do geral, careciam certamente de descobrir a artimanha.
O recolhedor/transportador, como de hábito, recolheu alguma singela amostra do leite. O teste, na empresa de laticínios, apontou problemas. As análises partiram no estudo das diferentes amostras. O resultado, da fraude, cedo acabou desvendada!
A laticínios, sem maiores floreios e rodeios, condenou o tanque cheio (seis mil litros do produto). Alguém cedo precisaria ser o culpado e responsável pelo ressarcimento dos prejuízos. A cobrança, de imediato, recaiu sobre o autor/culpado da façanha.
Este, numa aparente esperteza (na sua santa burrice), necessitou indenizar a carga inteira. O eventual escasso lucro, de uns míseros litros, custaram-lhe meses de ordenha, pastagens e trabalho. A choradeira e lamúria certamente não faltaram!
A conversa de fraudador, apesar do pedido de discrição e sigilo, espalhou-se pela comunidade. O produtor aprendeu a importância de ser honesto e descartar hipóteses de ser otário. O ônus serviu de protótipo para inibir outros eventuais mal intencionados!
Um ingênuo, querer ludibriar outros bem mais espertos, mantém-se uma burrice e dificuldade. Certas amargas experiências, por família e gerações, servem de excepcionais aprendizados e exemplos! A honestidade e transparência evita aborrecimentos e transtornos.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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A esperteza profissional



Um cidadão, muito jovem, evadiu-se das colônias. Este, uma vez casado, procurou constituir sua empresa e negócio.
Ele, num bom tempo, procurou um lugar para instalar-se (de forma definitiva como empresário). A alternativa, por uns bons meses, consistiu em devassar diversos municípios.
O investidor, num determinado espaço, achou o lugar próprio. Ele localizava-se a beira duma centralizada rodovia e cidade em plena expansão. Este precisou adquirir um terreno. O prédio, conforme as disponibilidades financeiras, foi sendo edificado.
A construção, num singelo detalhe, revelava a astúcia e esperteza. A loja mantinha-se como peça própria da residência. A parte frontal constituía-se no ponto comercial.
Ele, como segredo econômico, trabalhava junto à moradia. O fato dispensava maiores despesas em deslocamentos, estacionamentos, taxações, tempos, veículos...  A ideia essencial consistia em produzir o máximo com o mínimo dos dispêndios.
O negócio, em poucos anos, permitia avolumar um bom dinheiro e ostentar uma excelente condição de vida! Este, nas redondezas, tornou-se uma referência no atendimento e qualidade. A ampliação do empreendimento foi uma questão de tempo!
O indivíduo precisa saber os segredos das iniciativas! Diluir dispêndios mostra-se uma sabedoria econômica! Singelos conhecimentos comerciais e industriais, em determinados serviços, integram o conjunto do patrimônio familiar!
A esperteza e inteligência aplicam-se no cotidiano dos negócios. Unir o agradável ao útil é meio passo dado rumo ao êxito e sucesso.  O conhecimento, no capitalismo, demonstra-se costumeiramente pelos investimentos efetuados e patrimônios acumulados!

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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quarta-feira, 29 de maio de 2013

A contrapartida eleitoral


As campanhas políticas dão motivo a muitas e variadas histórias. Os candidatos medem a astúcia da influência e habilidade de conquistar confiança do voto do eleitor.
Um criador, ao derrotado candidato, anuncia: “ – Preciso lhe vender mais outro boi desses! Como aquele do final da campanha! Ele, no desfecho, permitiu aquela churrasqueada comunitária!”
O político, concorrente na majoritária, rebateu: “- Como vou te comprar outro boi desses? Eu nem ganhei a confiança do teu voto! Uma minguada votação dessas, sem o apoio dos amigos e conhecidos, não tem como fazer festa!” Inúmeros eleitores, naquela disputa, adoraram colocar certo número na barriga e outro nas urnas!
A esposa, do vendedor, escutou a conversa. Ela, junto ao marido, diz: “- Companheiro! Aqui tu tens tua banha” (uma expressão típica no dialeto germânico do Hunsrück). Ela, em termos gerais, significa: “Conheces o resultado da tua esperteza e inteligência!” Este, tendo negado o voto, ouviu aquilo que nem imaginava o outro saber em não ter votado!
A negação eleitoral, a amigos, familiares e vizinhos, origina constrangimento e desconfiança. A mágoa vê-se perdoada, porém jamais esquecida! Os políticos cedo somem e dos próximos precisa-se a todo instante! Os moradores, nas comunidades rurais, sabem quem é quem nas urnas!
As aventuras eleitorais, sem uma sólida base, trazem a decepção e frustração a inúmeros candidatos. O poder eleitoral da situação, através da máquina pública, faz muita diferença nos resultados finais das eleições para oposição. O poder do voto, para inúmeros eleitores, consiste num poder de barganha comercial de vantagens pessoais!
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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A imitação do tom de voz!


O fulano, de outra cidade, liga ao telefone convencional do trabalho. Este, como colega, trata de alterar/mudar o dom de voz! Queria, como de práxis, pregar mais umas das suas muitas peças!
A sicrana, como colega e enviuvada, atente o chamado. Esta pergunta: “- Quem é?” O camarada responde: “- Sou o tal do misterioso! Aquele que te faz feliz” (o sempre negado namorado/"namorido").
A cidadã, no contexto das conversas informais, nega de forma insistente e persistente a “existência de algum cacho”. Os amigos e colegas, a um bom tempo, desconfiam da alegria e disposição da sicrana!
Esta, na malandragem de “atirar o verde para colher o maduro”, esquece-se da negação. Ela, de forma repentina, rebate: “- A voz dele é bem mais fina!” A verdade tinha sido desvendada! O momentâneo cochilo tinha revelado a realidade das convivências.
O difícil, aos muito próximos, consiste em esconder certos fatos e realidades. Estes, nas entrelinhas das altitudes e posturas, decifram o falso do verdadeiro. A curiosidade de uns, com a vida alheia, pode chegar às raias do absurdo e ridículo.
Brincadeiras e implicâncias mostram-se uma sina comum em inúmeros ambientes. Uma boa gargalhada e risada, a título de terapia a cada dia, revela-se sinônimo de felicidade e saúde. As pessoas, no espaço das folgas e intervalos das convivências, criam histórias para fazer História.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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terça-feira, 28 de maio de 2013

O estremecer das paredes!


Um regente de corais, para determinado evento, contou glórias e vantagens. Ele, como enganosa e sublinhar propaganda, almejava atrair atenção e público.
Diversos corais, de inúmeras comunidades e procedências, estariam reunidos numa magna data. As estimativas encontrar-se-iam numa reunião de mil melodiosas vozes.
Uma situação esporádica ajuntar tamanho número de amantes do canto coral. As pessoas, junto aos seus familiares nos finais de semana, possuem seus compromissos e lazeres. A realidade nem sempre permite a participação nos muitos e variados eventos.
A conversação, com tamanha participação, foi no sentido do “canto coral fazer tremer as paredes”. Ele, na prática, queria continuar ganhando o seu como regente. Um expectador, ouvindo o silogismo, ouviu admirado e espantado aquela ladainha.
Este, como de práxis, precisou “meter seus bedelhos” na conversa. Ele, sem maior inibição no conjunto dos ouvintes, foi categórico: “- As tremulações dependerão da grossura das paredes!”
Os presentes, diante da dúvida de constranger ou não, ficaram de rir ou silenciar diante da incômoda observação. O indivíduo nunca sabe da totalidade dos interesses inseridos nas divulgações e propagandas. As relações sociais, em síntese, não passam dum belo comércio!
As manipulações e mentiras agridem os ouvidos dos corretos e justos. Os corajosos e esclarecidos, em público, ousam questionar as meias verdades. O bom senso, nas muitas e variadas circunstâncias, ostenta-se um conhecimento e sabedoria.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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A doença da malarea



Um cidadão, em função das necessidades profissionais, trabalha noutra cidade. Este, em alguns dias, ausenta-se da residência. Os familiares, no compasso de espera dos seus compromissos, ficam no aguardo do retorno!
O profissional, em meio à convivência familiar (dos finais de semana), procura amparar arestas e diluir problemas. Ele, a sua alma gêmea/cara metade, trata como fosse “um pão-de-ló”. Os agrados e mimos ganham atenção e expressão!
O beltrano, com a legislação favorável as mulheres e temores da lei da Maria da Penha, não quer conhecer “a sina da malarea”. Esta, numa tradução coloquial, representa: “- A mala na área com as trouxas!” Significa, em outros termos, “pega a estrada e te some!”
O camarada, do espaço próprio da moradia, viu-se evadido pela companheira/esposa. A mala na área, numa junção, tornou-se a palavra “malarea!” Cada qual segue seu caminho e refaz sua vida! O sentido tem pouco haver com a doença crônica da malária!
O povo, com a gravidade da difusão da malarea, externa gozação e sabedoria. Alguns maridos, com suas aventuras, chatices e manias, recebem o cartão amarelo (temem, portanto o vermelho). A união familiar, com a falta de tempo às convivências, torna complicado e difícil os relacionamentos.
                                                                              
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Os fantasmas do cemitério



Um medroso assalariado, nas penumbras das manhãs, dirigia-se ao local do trabalho. A vizinhança, diante do despertar da cachorrada, via-o caminhando pela estrada geral.
A função, junto ao transportador, consistia em recolher leite (nos inúmeras tambos das propriedades coloniais). Ele, nas suas idas e vindas, passava defronte ao cemitério comunitário.
Três malandros, conhecedores do hábito matinal, resolveram aprontar mais umas das suas muitas e variadas peças. Estes, com um lençol branco estendido sobre as cabeças e corpos, deram-se ao trabalho de aguardar o fulano.
Este, na achegada em meio ao chão batido, deparou-se com aquele estranho e ímpar vulto. O susto e temor, de imediato, abateu-se sobre o ser. Algum fantasma, como finado ente (saindo dentre os muitos jazigos), assustou-lhe deveras. O camarada, por um momento, parecia estático!
Os três, no ato e debaixo do pano, saíram cemitério afora. O indivíduo, no ínterim, ameaçou ajuntar uns bons e graúdos cascalhos (como arma e defesa). Os improvisados fantasmas, com as eventuais pedradas, igualmente ficaram em pânico. Eles, como um raio, correram adoidados e desnorteados.
A vítima, na prática, recolheu unicamente suas havaianas (com razão de poder correr melhor). Resultado: Os quatro elementos meteram-se em apuros e sustos. As pernadas, diante do repentino esforço e medo, pareciam fraquejar na eficiência e trabalho!
O indivíduo, com seres em apuros e desesperados, desconhece a reação. As histórias, de assombrações e fantasmas, povoam o imaginário popular. Alguns malandros, com as crenças e temores alheios, adoram fazer sua diversão e passatempo.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”
Obs.: História narrada por Ari Wasen (conhecido como "Polett") de Languiru/Teutônia/RS.

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A conclusão de pedidos



Uma veterana, da linha de produção da fábrica de calçados, admira-se do comportamento dos jovens trabalhadores. Estes, como norma geral, pouco caso fazem na entrega de pedidos da empresa.
Alguma encomenda, com data e horário de entrega agendada, encontra-se inclusa (dentro do prazo estabelecido). As chefias, com vistas da conclusão da tarefa, pedem algum complemento de jornada (em horas extras). Estes, em meio às preocupações e pressas, chegam a implorar colaboração e dedicação.
Os jovens assalariados, com raríssimas exceções, pouco caso fazem da preocupação e situação. Os contratados veteranos, curtidos pela experiência e tempo, sobram unicamente no final do desfecho do pedido. Estes, uns até aposentados, conscientizam-se da colaboração e resolvem dar uma mão à conclusão.
Os jovens, com seus compromissos de estudo e lazer, mostram descaso e despreocupação! Estes, encerrado o horário do expediente, sentem concluído o ônus da jornada. A maioria nem está em fazer alguma carreira nas linhas de produção.
A empresa trate de pagar encargos e salários! Os problemas da firma sejam resolvidos pelas chefias e donos. As crises, em momentos, aconchegam-se e imagina quem sobra primeiro! O sucesso decorre da consorciação de interesses e necessidades entre empregados e patrões!
A diferença, de filosofias e princípios, mostra-se uma realidade entre jovens e velhos. Cada época e situação com os seus dilemas e problemas. Garantir o emprego, em épocas de oportunidades, ostenta-se uma preocupação de poucos!
                                                                      
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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domingo, 26 de maio de 2013

As caçadas aos porcos do mato



Quatro famílias de austríacos, nos idos de 1873, instalaram-se numa periferia da Colônia Teutônia (atuais terras da Linha Brasil/Paverama/RS). Estes, como fervorosos católicos, compraram lotes na margem da colonização protestante (de evangélicos luteranos).
Os colonizadores, liderados por Wenzel Reckziegel, Wilhelm Schaurich, Josef Tischer Pai e Josef Tischer Filho, acabaram literalmente atirados/instalados na mata virgem. Estes precisaram encontrar meios de sobrevivência nas novas terras. Uma destas relacionou-se as caçadas dos porcos-do-mato (conhecidos como caititu/cateto – nome científico: Tayassu tajacu).
Os animais, no interior da Floresta Pluvial Subtropical, mantinham estradas/trilhas e formavam “verdadeiros bandos”. Alguns cachaços, com afiados e grandes dentes (como navalhas), coordenavam as inúmeras varas. A espécie, por séculos, perambulava entre a vegetação nativa do Brasil Meridional.
Os colonos/forasteiros, para apanhar e precaver-se dos animais, improvisaram excepcionais tocaias. Estes, com a abundância de madeiras, construíram reforçados currais. A edificação, depois de boas horas de labuta, localizava-se no meio de amplos trilhos (debaixo de centenárias figueiras).
Umas escorregadias portas, na proporção de algumas mexidas, faziam cair às peças (cerrando os cercados). Algumas iscas, em forma de cereais e frutas silvestres, foram os chamariscos (acrescidos no interior das edificações). A solução, com observação e paciência, consistiu em aguardar resultados!
A alegria e satisfação ocorreu no período de horas. As famílias, em três oportunidades, apanharam: treze; três; uma presa. Totalizando, ao final, dezessete animais apanhados. Outros da espécie, depois do desespero dos irmãos, sumiram e negaram-se a enveredar nas armadilhas. Estes também possuem seu código de comunicação e sobrevivência!
Os primórdios da colonização ostentaram-se numa luta incessante pela conquista de palmos de solo para as criações e plantações. Sólidas famílias, através dos hábitos e sobrenomes, mantém ativo as sementes lançadas pelos pioneiros. As comunidades e gerações, sem maiores apontamentos e registros das vivências, somem-se nas cinzas da História.
                                                                                    
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”
Obs.: História narrada por Verno Reckziegel da Linha Brasil/Paverama/RS.

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A leitura dos enigmas da alma


Certo colono, no exemplar pomar, vivia a apreciar e degustar saborosas frutas. As plantas, por ter sido adubadas e plantadas por suas mãos, pareciam assumir uma consideração e gosto especial.
O colonial, na sua singela experiência de homem da terra, conhecia perfeitamente a diferença entre as frutas. Os inúmeros anos, em meio aos pomares, tinham-lhe ensinado certos segredos da fruticultura!
As bergamotas, laranjas e limas, com maior insolação, revelavam-se as mais adocicadas e saborosas. As picadas, pelos insetos, cedo revelaram-se doentes e podres. Outras, de muito maduras, apodreciam ou caiam dos pés... Os olhos, pelo conhecimento da experiência, mostravam-lhe essa singela realidade.
O idêntico aplica-se a fisionomia das pessoas. Os olhos, através da leitura das faces, permitem a leitura dos segredos. A diferença, entre adoentadas, amadas, infelizes, solitárias e tristes, salta aos olhos aos entendidos das ciências do espírito!   
Os especialistas, estudiosos da alma humana, precisam só saber fazer a leitura das aparências e características da fisionomia! A realidade existencial, de cada qual, encontra-se impregnada! A habilidade consiste somente em decifrar os escamoteados enigmas!
A realidade revela-se nas entrelinhas dos fatos e vivências. O cidadão pode enganar a muitos, porém não consegue a todos. A vida, com os muitos dias, cria e ensina certas filosofias e sabedorias.
                                                                       
Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da  imagem:http://jalternativo.hospedagemdesites.ws/?p=854 

sábado, 25 de maio de 2013

A diferença de interesses



Os filhos viram os pais perecerem. A tradicional moradia familiar ficou desocupada e ociosa. A desocupação, num interminável tempo, significaria inviabilizar  o patrimônio.
A solução, como alternativa, consistiu em alugar as peças. Os herdeiros, na singela comunidade, poderiam ganhar alguns dividendos em aluguel (com razão de suavizar a depreciação e manutenção do imóvel).
Um desconhecido e forasteiro chegou e apresentou-se como inquilino. Este, como amigável e bem falante, ganhou a confiança e cedência. As diversas peças, como área, cozinha, dispensa, sala e quartos, viram-se alugadas e ocupadas.   
A inovação e ousadia, num dos quartos, valeu-se em dias como especial dormitório. O inquilino, numa criação inimaginável, improvisou o tradicional galinheiro. As aves, em semanas e meses, avolumaram quantidades acentuadas de fezes. Os piolhos tornaram-se uma inconveniente companhia!
Os herdeiros, para desfazer e romper o contrato, gastaram dinheiro. Estes, do inquilino, ouviram aquilo que não esperavam. Outra pena, como lição, consistiu em subtrair os volumes de esterco. A fama, como antigo dormitório de galinhas, pegou de cheio nas conversas!
Os proprietários conscientizaram-se duma velha lógica: os bons e caprichosos dificilmente alugam imóveis. Eles, com as muitas facilidades de crédito e financiamento, tratam de edificar seu imóvel. Os desleixados correm atrás dos favores e préstimos alheios!
Os inquilinos, de maneira geral, significam sinônimo de aborrecimentos e transtornos aos proprietários. O patrimônio alheio, aos carentes e despossuídos, carece da real compreensão das dificuldades de avolumar e construir o imóvel. As diferenças de interesses e mentalidades, entre forasteiros e naturais, mostram-se uma sina!

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem: http://www.baixaki.com.br

As precauções do inverno



O veranico achegou-se a bater nas portas e rostos! Os dias e semanas, do aparente ano recém iniciado, transcorrem apressados. O tempo, depois de certa idade, escorre a mil!
Os animais, no calor de outono, estendem-se ao sol. As folhas, nos inúmeros vegetais, caiem de forma adoidada. Algumas espécies, sobretudo aves, tomam o rumo norte (dos climas mais amenos). Os prenúncios das chuvas, nos ares subtropicais, encontram-se no compasso de espera (na proporção do avanço das frentes frias com a declinação solar).
Alguns humanos, dentro das ocupações de rotina, antecipam-se nas necessidades e obrigações. Os plantadores tratam de colher as últimas colheitas. Os anciões, com suas pretensões de fogo no inverno, procuram recolher gravetos, lenhas e palhas. Os criadores preocupam-se em limpar estrumeiras e instalações...
O frio aconchega-se nos próximos dias ou horas! As reservas, como precaução, mostram-se armazenadas e estocadas. As condições meteorológicas, na sequência de calor, chuva, frio e umidade, necessitam de sabedoria para serem suavizadas. Os descuidosos e relapsos apanham feio com as agruras do tempo!
Os espertos daí carecem de correr nas chuvas, frios e serenos! Estes, no resguardo das construções, tentam evitar gripes e resfriados! A esperteza das abelhas e formigas, com suas reservas alimentares e moradias sólidas, servem de belas e excepcionais lições de vida.
“O homem prevenido vale por dois!” O sábio antecipa necessidades com razão de resguardar-se dos infortúnios e intempéries. O aconchego, próximo ao calor do fogão, mostra-se uma benção e dádiva nos tempos adversos e impróprios das chuvas e frios de inverno.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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sexta-feira, 24 de maio de 2013

A ímpar visita maternal



Um motorista, a centenas de metros, vislumbra dezenas de veículos. Estes, junto à casa mortuária e cemitério comunitário, encontram-se estacionados. O fato, no sábado anterior ao domingo do Dia das Mães, sucedeu-se no contexto da comunidade!
O pensamento, de imediato, direcionou-se ao falecimento de algum ente. Este refletiu: “- Quem será desta vez? Dê que família? Vou parar para perguntar algum pedestre? Alguém certamente saberá informar do sucedido!” A extrema curiosidade obriga a decifrar o enigma!
Uma realidade comum, com a progressiva achegada da urbanização, consiste em enterrar amigos e conhecidos. Os falecimentos, em meio às muitas pressas e tarefas diárias, nem sempre acabam anunciadas e comunicadas às partes interessadas. Uns, para os desconhecidos e estranhos,  somem como nunca tivessem existidos!
Outras famílias, com a existência de inúmeras emissoras de rádio, nem sempre sintonizam a estação dos anúncios comunitários. Diversos membros, sobretudo anciões, vêem-se perecidos (sem maiores alardes e comunicações). Os jovens pouco caso fazem das desconhecidas estirpes!
O condutor, na passagem pelo espaço, depara-se com a porta cerrada da casa mortuária. Este relembra-se da velha tradição colonial: “- O afluxo, na véspera do Dia das Mães, sucede-se de muitos aparentados e filhos”.
Os familiares, de longínquas paragens, tratam de efetuar uma visitação aos finados entes queridos! Os finados, com as muitas reminiscências do outrora, recebem comentários e referências junto às descendências!
Os jazigos ostentam-se uma espécie de extensão do patrimônio familiar. A consideração e preservação da memória integra o conjunto da evolução cultural. Singelas atitudes e exemplos, às novas gerações, servem de norte aos posteriores cuidados e tratamentos.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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A ficha concorrida



Determinada agremiação partidária, no poder numa grande cidade, mantinha excelentes chances de reeleição. Um batalhão de aficionados e afilhados mostrou-se interessado em ganhar cargos e manter postos de trabalho!
Os pretendentes, a concorrer no vindouro pleito, mantinham-se em grande número (às limitadas vagas). A seleção, para escolha, precisaria obedecer a algum critério prático!
A cúpula, com razão de não indispor e magoar correligionários, precisava determinar e selecionar os nomes da nominata. As intensas e muitas conversas, entre eventuais candidatos e lideranças, tomaram vulto nas conversas informais. O difícil consistia em conciliar os muitos e variados interesses em jogo!  
Algum consultor, como veterano de inúmeras campanhas e pleitos, sugeriu um paliativo às delongas. Este, como alternativa e solução, sugeriu averiguar a ficha policial dos diversos e vários pretendentes.
O princípio, a contragosto de uns, viu-se adotado como alternativa e procedimento. O resultado mostrou-se admirável e ímpar! Várias vagas, no final das contas, sobraram para outros interessados. Inúmeros candidatos e políticos em potencial, dito homens honestos e honrados, mantinham problemas com a lei e a Justiça!
As pessoas, na aparência do fácil, enveredam de forma convicta e firme nos propósitos. Os aventureiros e oportunistas, nos cargos do serviço público, sobram para angariar polpudos cargos e salários! A gente conhece as pessoas somente na proporção do alcance das vistas!

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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quinta-feira, 23 de maio de 2013

O elixir da vida



Um ancião, por meses e anos, fez uma romaria pelos consultórios e postos médicos. Um cliente ativo a dispender os valiosos reais aos profissionais da saúde.  
Um doutor dizia isso, outro aquilo. Os problemas, no fígado, pâncreas e rins, continuaram como preocupação e sofrimento! Os dias pareciam mostrar-se contados neste mundo!
O fulano, numa “paciência de Jó”, procurou seguir as recomendações e tratamentos. Os chás e remédios careciam de dar conta das mazelas e padecimentos.
Um determinado especialista, numa das suas consultas, sugeriu uma rotineira prática.  Este, em jejum, deveria tomar um aproximado litro e meio de água. O fulano, num momento, achou graça da simplicidade do tratamento e exagerado o volume de líquido.
O cidadão, em meio ao desespero e dor, procurou experimentar mais essa sugestão. Alguns dias seguiram-se ao consumo matinal! A água, de alguma forma, viu-se “empurrado goela abaixo”.
Os resultados, em dias e semanas, fizeram-se sentir. O organismo autoreciclava-se numa faxina/higiene generalizada! As rotineiras dores e indisposições começaram a sumir. A aparência física conheceu outro visual! Uma singela receita mostrou-se uma solução milagrosa!
A água revela-se a causa e segredo dos seres vivos! O indivíduo, como única riqueza em ouro e prata, possui somente a vida. A gente faz escolhas e estas têm resultados no decorrer dos nossos dias!

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da imagem:http://www.mortesubita.org

A momentânea folga


Uma cidadã, muito atarefada com casa e trabalho, pediu um tempo ao maridão. As exigências, com os compromissos da vida, ostentavam-se deveras onerosas.
A família, com um casal de filhos, “exigia das tripas ao coração” da mãe. Ela, em meio ao cansaço e estresse generalizado, foi pedir um tempo nas relações matrimoniais. Uma folga, no momentâneo desgastado casamento, para o parceiro.
Este, como não poderia deixar de ser, relutou no pedido. As insistências e xingamentos, a título de contragosto e experiência, levaram a concretização da petição.
A solução, de comum acordo, foi o companheiro abandonar a casa. A pensão alimentícia, aos rebentos, manteve-se como exigência e obrigação.
Outra moradia, como nos velhos tempos de solteiro, mostrou-se alugada e ocupada. A trégua, num combinado de mês, trouxe a sensação de autonomia e liberdade.
O maridão careceu de ouvir reclamações e xingamentos. A vida matrimonial, com a aparente doença, constituíra-se numa “espécie de inferno!” As parcerias, neste ínterim, repensaram as mútuas relações!
A mãe cedo descobrir uma dura realidade: ruim com a presença, porém muito pior com ausência do marido. O pedido foi de retornar ao ambiente familiar!
A surpresa adveio com a resposta. O parceiro gostou do descompromisso e liberdade. Este negou a convivência debaixo do idêntico teto. A obrigação, como de práxis, continuou com os filhos. A solução foi cada qual seguir sua vida!
Certas folgas e liberdades cedo criam o hábito e o vício. Uns, na consorciação familiar e profissional, vêem-se atarefados e sobrecarregados. Deus sempre esconde um propósito maior em meio às decepções e desgraças.

Guido Lang
“Singelas Crônicas do Cotidiano da Existência”

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quarta-feira, 22 de maio de 2013

A momentânea parada


O forasteiro, numa tradicional localidade, perpassa o lugar como atalho. Este, a cada semana, percorre o caminho à direção da cidade grande. Inúmeros moradores, nas idas e vindas, já o conhecem como o passante motoqueiro.
O condutor, numa ensolarada manhã, depara-se com algum desconhecido morador. Este, por alguma espera, encontra-se parado a beira da estrada geral. Dois imensos cachorros mostram-se sua companhia. A confecção de algum palheiro, no compasso de espera, mostra-se sua ocupação e passatempo.
O estranho, por segundos, para e cumprimenta o beltrano. Este diz: “- Bom dia! Cuida destes dois perigosos! Bonito dia hoje! Vamos agradecer ao Criador pela especial benção! Procuremos aproveitar o magnífico tempo para algum trabalho útil!” O natural, de forma afirmativa, sorri e retribui a gentileza! O estranho, em seguida, retoma seu caminho!
O morador, numa expressão alegre no rosto, admirou-se da tamanha cordialidade e consideração. A gentileza animou e aproximou as duas almas! Umas singelas palavras fizeram uma tremenda aproximação e diferença!      
O colonial, junto a amigos e familiares, certamente comentou o fato. Outros mais conheceram o tradicional motoqueiro nas paragens! A fama ampliou-se numa modesta prática! O cidadão, neste mundo, precisa de todos!
O indivíduo, com vistas de fazer amigos e conhecidos, precisa tomar a iniciativa dos relacionamentos. O esperto carece de distinguir as pessoas entre graduadas e humildes! Ser boa gente, no final das contas, dá um enorme bem estar e faz a diferença.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

Crédito da  imagem:http://camaramourao.blogspot.com.br

O inconsequente ato


Um malandro, com razão de acirrar a encrenca de vizinhos, resolveu aprontar ousada peça. A dupla de intrigados, por desconfianças e divisas, mantinham as relações estremecidas! Velhas intrigas e rixas afloravam!
Um cidadão, na proporção de “querer colocar gravetos para elevar o fogo”, foi apanhar uma camisa no varal do sicrano. Este, com fama de mulherengo, inspirava desconfiança no beltrano. O último, com mulher bonita e nova, procurava redobrar os receios e vigilâncias!
A peça surrupiada, na calada da noite e no descuido familiar, viu-se acrescida na máquina de lavar (da esposa do beltrano). Esta, no entender das diversas peças de roupas, deparou-se com a ímpar surpresa: a conhecida camisa do sicrano.
O achado, de imediato, foi comunicado e mostrado ao companheiro. Este requereu alguma convincente explicação do ocorrido. O caminho das dúvidas e reboliços tomaram forma (na proporção do desconhecimento sicrano).
O marido, num instante, chegou a desconfiar da própria companhia! As explicações e justificativas foram muitas para desfazer o mito! As provocações e xingamentos, com ferramentas improvisadas como armas, tomaram corpo nas cercanias da moradia do sicrano.
A situação, em função da mera brincadeira, viu-se num confronto acirrado. Os vizinhos, graças à intervenção de pacificadores (amigos, familiares e religioso), acabaram serenando os ânimos.
As partes, depois de alguns dias, descobriram de tratar-se duma inconveniente afronta. O fato, por pouco e sorte, não acabou em agressões e mortes! A história ficou nos registros dos relatos das intrigas de vizinhos!
Antes de executar brincadeiras, convém imaginar eventuais consequências. Certos atos, aplicados aos alheios, podem esconder sublimes malícias. Indivíduos de má índole existem em todas as raças e religiões!

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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terça-feira, 21 de maio de 2013

A versão dos fatos


Pai e filho, em três esporádicas oportunidades, passaram diante duma tradicional venda. Os forasteiros, acompanhados do legendário burro, iam e vinham dumas visitas.
Diversos moradores, no baralho, compras e conversas, mantiveram-se reunidos no interior do estabelecimento comercial. Estes, num observar do fluxo de passantes, viram o trio circular pela estrada geral.
Alguns, movidos pela curiosidade (tão comum nas colônias), necessitaram externar suas graças e observações. O interessante, nas afirmações, relacionou-se as leituras dos fatos.
Estes, nos três momentos, versaram:
Primeiro: O pai ia montado e o filho conduziu o animal. A opinião consistiu: “Quê pai durão! Ele não tem pena da criança! Pensa só no seu bem estar! Bem que poderia deixar o menino andar!”
Segundo: O filho andou no bicho e o genitor conduziu as rédeas. Opinião: “Quê vai dar com esse jovem? Este, agora já, carece de maior padecimento do pai! Imagina como será na velhice! O genitor certamente acabará esquecido!”
Terceiro: Animal, filho e pai caminharam diante do estabelecimento. Opinião: “Dois burros conduzindo outro burrico! Bem que um dos dois poderia montar no animal! Quê desperdício de pernadas! Aja limitada inteligência nisso!”
As pessoas fazem suas leituras das realidades e situações. O sábio, com pouco interesse nos comentários e falatórios, segue sua rotina e sina. As falas e opiniões, na proporção dos interesses, mudam de direção e discurso.

Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”

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