sábado, 31 de agosto de 2013

As entrelinhas das vivências


Um guaipeca (cachorro), criado nas colônias, perdeu-se numa procissão religiosa. O cão, em meio à multidão, perambulou desnorteado e desorientado na localização pelo dono!
O animal, na confusão do mar de gente, reconheceu algum vizinho. Ele, a partir do acirrado faro, mostrou-se paliativo como amigo e protetor!
O senhor, numa ocasional visita, tinha-lhe ofertado algum mimo. O rabo, em forma de abano, assinalou e denunciou a velha relação!
O esporádico trato transformara-se numa amizade! A oferta sinalizou confiança e crédito! O apurado olhar, para os presentes, denunciou as outroras mútuas relações!
O idêntico, aos atentos, sucede-se com os entendidos nas relações humanas. Eles, através das atitudes e olhares, decifram o teor das afinidades e relações!
As particularidades e peculiaridades, nas entrelinhas dos relacionamentos, revelam a ocorrência das intimidades e negócios! Os gestos denunciam as outroras relações!
Os dados encontram-se estampados nas faces e rostos. Os olhos atentos precisam unicamente do conhecimento para saber interpretá-los e lê-los!
Os entendidos e espertos conseguem desvendar as entrelinhas das vivências! O cidadão nunca conhece as reais relações entre as pessoas próximas!
A verdade, mesmo suprimida, revela-se antes do previsto. A discrição, uma vez compartilhada, deixou de ser segredo. O bom macho carece de comentar intimidades e preferências!

                                                                                          Guido Lang
“Singelos Fragmentos das Histórias do Cotidiano das Vivências”  

Crédito da imagem: http://www.bahiatursa.ba.gov.br

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