Um guaipeca
(cachorro), criado nas colônias, perdeu-se numa procissão religiosa. O cão, em
meio à multidão, perambulou desnorteado e desorientado na localização pelo
dono!
O animal, na confusão
do mar de gente, reconheceu algum vizinho. Ele, a partir do acirrado faro, mostrou-se
paliativo como amigo e protetor!
O senhor, numa
ocasional visita, tinha-lhe ofertado algum mimo. O rabo, em forma de abano, assinalou
e denunciou a velha relação!
O esporádico trato transformara-se
numa amizade! A oferta sinalizou confiança e crédito! O apurado olhar, para os presentes,
denunciou as outroras mútuas relações!
O idêntico, aos
atentos, sucede-se com os entendidos nas relações humanas. Eles, através das
atitudes e olhares, decifram o teor das afinidades e relações!
As particularidades e
peculiaridades, nas entrelinhas dos relacionamentos, revelam a ocorrência das
intimidades e negócios! Os gestos denunciam as outroras relações!
Os dados encontram-se
estampados nas faces e rostos. Os olhos atentos precisam unicamente do
conhecimento para saber interpretá-los e lê-los!
Os entendidos e
espertos conseguem desvendar as entrelinhas das vivências! O cidadão nunca
conhece as reais relações entre as pessoas próximas!
A verdade, mesmo suprimida, revela-se antes do previsto. A
discrição, uma vez compartilhada, deixou de ser segredo. O bom macho carece de
comentar intimidades e preferências!
Guido Lang
“Singelos Fragmentos
das Histórias do Cotidiano das Vivências”
Crédito da imagem: http://www.bahiatursa.ba.gov.br