Os proprietários de
terras, durante anos, deixaram crescer a macega e o mato. O eucalipto criou
belos e volumosos troncos. A produção de lenha mantinha-se massiva e grandes
são as estimativas em metros. Os cortadores precisam cortar, pontar, empilhar,
carregar e transportar toda essa matéria-prima. O trabalho, de maneira geral,
mantém-se braçal e primitivo. Cada pedaço, até chegar nos fornos de carvão ou
nas caldeiras das empresas, perpassa várias mãos. O processo de produção
absorve enormes custos e esforços.
Os plantadores, diante da
carência da mecanização agrícola (nas encostas e morros), obrigaram-se a
investir em silvicultura. As promessas de dinheiro fácil e volumoso eram
grandes com a acácia e o eucalipto. Os proprietários, nos anos subsequentes,
pensaram ganhar umas boas somas (“deitando na cama e deixando o pau crescer”).
As lavouras, junto as culturas de milho, foram enchidas com o encalipto. A
planta aproveitou a adubação do cereal (como possibilidade de desenvolvimento).
As árvores, num ano, cresciam vários metros de altura (algo digno de
excepcional admiração). Um desenvolvimento ímpar comparado aos brejos e matos
(nativos). Estes, no máximo, davam algum capim ou macega (no tempo dum ano) na
área da antiga lavoura de subsistência familiar.
Os investidores agrícolas,
durante uma aproximada década, deixaram a terra imóvel/parada. Os dividendos
abstiveram-se de ser angariados A necessidade de tempo, para deixar
crescer as espécies (acácia e eucalipto), foi necessária até render madeira. Os
encargos, como manutenção e taxas, continuaram recaindo sobre as propriedades.
Os donos, como micro-empresários, não puderam descuidar dos direitos. A
necessidade foi extrair dividendos doutras atividades (com razão de financiar a
cultura de árvores). Algum desbaste e seleção foi próprio no intervalo do
tempo. Dez aproximados longos anos, num compasso de espera entre o plantio até
o corte/colheita, foram exigidos.
A época dos cortes
achegaram-se numa determinada ocasião. Os proprietários não teriam a mão de
obra disponível/própria. Estes precisaram apelar aos cortadores de mato (muito
escassos). Os leigos, como profissionais, aconchegaram-se com as
meras motosserras em punho (acrescido de litros de combustíveis) para
tarefa/trabalho. Estes, sem nada arriscarem nos custos/investimentos e esperar
em tempos, reivindicam a metade da produção. Os serradores, trabalham de
segundas/terças até sextas, no corte. Eles daí “querem ver o dinheiro cair na
mão”. Os donos obrigam-se mais uma vez financiarem as empleitadas. Os proprietários
recolocam dinheiro limpo no negócio. A madeira cortada, avolumada e empilhada,
faz surgir a romaria para arrumar mercado da matéria-prima. Os eventuais
compradores, feito as vendas, obrigam-se a atrasos ou calotes nos pagamentos.
O resultado:
inúmeros proprietários encontram a terra imobilizada com a história da
silvicultura. Outros derrubam o mato e nem querem ouvir falar em replantar.
Alguns ganharam dinheiro, porém poderiam ter ganhado bem mais nas culturas
anuais. Os investidores, na compreensão de muitos assalariados/diaristas, são
encarados cedo como aproveitadores e exploradores. Os donos, no ínterim dos
cortes, rezam aos céus para pedir proteção contra eventuais
imprevistos ou infortúnios. Os atropelos colocam em risco a totalidade dos
patrimônios (em função de indenizações previdenciárias e salários no Ministério
do Trabalho) por esparsos dividendos. As nuvens negras, sobre eventuais
percalços, pairam sobre a cabeça dos investidores.
Alguns investimentos
perpassam a ideia de ser uma espécie de loteria. Os investidores, na proporção
de ganhar algum dinheiro, cedo vêem crescer o olho alheio. Quem pouco tem,
pouco teme perder em reparos (“onde nada tem, não tem como subtrair
dividendos”). O país, nestes termos das cobranças e direitos, vai carecer de
empregos e investidores. A legislação criou uma sensação: aquela ideia do
sistema favorecer os desprotegidos e desvalidos e punir os ousados e
investidores.
“Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”
Crédito da imagem: http://hugomaioconsultoriaambiental.com
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