Um colonial, numa ocasião, esqueceu-se
do queijo. O porão, com o ocasional leite azedo, era o lugar próprio à
fabricação. A industrialização caseira mostrava-se a forma de evitar
desperdícios (com a carência de mercado à produção ácida). O produto, por uns
bons dias, ficou no esquecimento momentâneo.
Algum rato, diante do cheiro lácteo,
achou fácil o queijo. O descobridor atraiu outros conhecidos. A fome cedo
avolumou uma porção de membros! Uma comunidade, com várias famílias, afluiu à
degustação. A ausência maior de gatos reforçou a festança.
Uma folia tomou conta do cenário!
Inúmeros irmãos, dos cantos e recantos, advieram à propriedade. Uma multidão
para o singelo tamanho do produto. Algum roedor cedo externou sua
lamúria: “- Quê pena! O fabricante deveria incorrer em mais esquecimentos
desses! Um momento propício para reunir o conjunto de moradores!” A admiração
incorreu: donde afluiu toda essa multidão de ratos? Quaisquer benesses
logo atraem um grande e variado público!
O fabricante, numa altura, relembrou-se
do fruto do trabalho. Este, numa degustação, quis averiguar a qualidade. O
espanto e a raiva decorreu do resultado. Uns esparsos farelos, como migalhas,
foram unicamente deixadas como sobras. A bagunça e sujeira
deixou indescritível o ambiente!
Este, numa auto-reflexão, falou em viva
voz: “- O camarada dá algum cochilo e logo vê-se surrupiado na
propriedade! A gente desconfia da presença de algum rato, porém uma multidão
mostrou-se impensável! O suor alheio parece ter melhor sabor que o próprio!”
A ausência dos gatos faz a festa dos
ratos. A sabedoria popular versa: “Achado não é roubado”. O dinheiro
público, na ausência severa de fiscalização e punição, assemelha-se a farra e
sujeira dos ratos.
Guido Lang
“Singelos Sucedidos no Cotidiano da
Existência”
Crédito da imagem:http://www.guiame.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário