Quem já não saiu com
o guarda-chuva em punho? Este esperava aquela chuva e “a maior indiferença por
parte de São Pedro”. Uma realidade comum nos prolongados dias de verão! “A
parafernália meteorológica”, anunciada na mídia, prenuncia uma situação e
ocorre bem outra (nos inúmeros climas e microclimas). O cidadão antecipa-se aos
fatos e previne-se com artefatos. Outras vezes exclui-os e “leva aquela água no
lombo”. Fica, entre as idas e vindas, aquela dúvida: “leva ou não a peça”.
Os dias quentes, com
insolação intensa e prolongada, evaporam quantidades incríveis de água. Os
ambientes secos, com a baixa umidade relativa do ar, castigam os cenários. Os
seres vivos clamam pelo abençoado líquido. Produtores, aos céus e terra, pedem
e rezam pela divina benção. Cidades, dominadas pelos asfaltos e pedras,
precisam dum alento e lavagem.
O calor vê-se
impregnados nos espaços (materiais e imateriais). Animais e pessoas, na
ausência de maiores ambientes frescos e úmidos, parecem sufocar e torrar.
Queixas e reclamações sobram nas conversas e falas. Chuvas tornam-se “uma
preciosidade como ouro e valem fortunas”.
Algumas nuvens, “em
meio ao artificial e a fornalha”, avolumam-se e encobrem o horizonte.
Esperanças e olhares aos céus não faltam para aliviar as agruras e sufoco.
Lavar e refrescar os cenários empoleirados e poluídos. Alguns poucos, nestas
suas idas, previnem-se com o guarda-chuva. Saem pelas estradas e ruas com os
artefatos. Transcorre cedo uma velada crendice: “- Espantar a chuva com o
guarda-chuva em punho!” Um mau presságio querer precaver-se nestes instantes
mágicos.
As pessoas aspiram e
torcem pelas precipitações. Outros poucos, no entanto, pensam em safar-se
(daquilo que parece ser tão custoso e gostoso). Um aconchegante e bom banho,
nestes momentos, aceita-se e compreende-se como graça. Guarda-chuvas, portanto,
assemelham-se ao desconvite às águas (em meio aos dissabores do verão).
Mudanças de tempo, nos momentos anteriores as
precipitações, acirram e alteram os ânimos e humores. Os indivíduos, depois
duma boa e refrescante chuva, desarmam e serenam o espírito. Comentários e
opiniões, sobre o comportamento das condições meteorológicas, são os mais
esdrúxulos e variados. “Algum gato pingado”, em meio a maior estiagem, ainda
combate por alguma razão as benéficas chuvas. A uniformidade humana, na questão
dos interesses e opiniões, ostenta-se uma impossibilidade e inviabilidade.
Guido Lang
“Singelas Histórias
do Cotidiano Urbano”
Crédito da
imagem:http://solonaescola.blogspot.com.br/2012/08/o-que-causa-o-cheiro-apos-chuva.html
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