As baixadas,
chapadões e encostas, ao longo dos anos de colonização, foram conquistados a
ferro e fogo. As famílias cresciam nos ambientes coloniais. A necessidade de
terras tonou-se necessária. A solução, com a divisão sucessiva dos lotes (iniciais),
foi “subir as encostas e morros”. Cada geração, nestas cinco a seis de
exploração, procurou devastar (um pouco com vistas de novas lavouras). Roçados
significou aproveitar o húmus original (para cultivar abóbora, aipim, batata,
hortaliças, feijão, milho...). Resultado: pouco sobrou da floresta original.
Pode-se, em termos gerais, falar em “ilhas”(capões) na situação das
propriedades rurais.
A mecanização, com a conquista do
Brasil Central (cerrado), trouxe acentuadas mudanças. Áreas de morros, com o
trabalho animal e braçal, não puderam
competir com a produção agrícola (altamente mecanizada). Somou-se o rigor
duma legislação ambiental (de proteção). A solução, para não abandonar o
patrimônio familiar e ajuntar-se aos cortiços (urbanos), foi investir na
silvicultura. Diversas famílias, das culturas anuais de subsistência, partiram à
exploração e industrialização da madeira.
Inúmeros jovens abandonaram o ambiente
rural e empregaram-se no trabalho assalariado. Uns poucos mantiveram-se firmes
no torrão comunitário e tradição familiar. A extração de madeira, de acácia (negra)
e eucalipto, tornou-se o ganha pão. Caminhões e carretas, de carvão e lenha, vêem-se
escoados continuamente na direção de grandes empresas e mercados. Fornos de
carvão, as centenas no interior dos matos, pipocam nas localidades e
propriedades. A madeira, sobretudo nas áreas acidentadas, conhece a intensa combustão.
A fumaça e os trilhos (do acesso), no interior de áreas reflorestadas, denunciam
unicamente a produção do carvão. Alguns locais abrigam conjunto de unidades
(assemelhança de fábricas). Veículos, de distâncias acentuadas, podem trazer
matéria-prima (madeira em metro à queima) e escoar o fruto das queimadas
(carvão vegetal).
Criou-se, com a necessidade de madeira, um cenário ímpar. O
viajante, do topo dos maiores morros - a partir das estradas gerais (de chão batido),
aprecia a visão panorâmica. Um verde escuro cobre baixada e encostas (em
localidades como Bela Vista e Chapadão/Brochier; Linha Brasil e Santa
Manuela/Paverama; Linha Catarina e Germana/Teutônia/RS). O eucalipto, com
alguma acácia, domina os cenários coloniais. Áreas íngremes: chama atenção a
ousadia pela conquista dessas terras. Os
donos, como "formigas cortadeiras", devastaram espaços do ambiente original e
introduziram plantas exóticas. Projeta-se o sacrifício de extrair os dividendos
desses investimentos. Um trabalho de gigantes em meio ao tremendo esforço
físico e ousadia com máquinas. Que a cobiça e a necessidade do dinheiro não fazem? Florestas rejuvenescidas, disseminadas pelas
localidades, onde desatentos e néscios chegam a perder-se nos interiores;
proprietários, nalguma distância maior, ignoram divisas das suas terras.
O
cenário, comparado as outroras roças, descortina uma realidade inimaginável. As
culturas anuais, de algumas décadas, cederam o espaço ao reflorestamento. A ativa
e modesta mão do homem, com coragem, ousadia e trabalho, produziu um cenário
inovador. Anônimos trabalhadores, cada um com a sua parcela e o pouco de
cada dia (de acordo as possibilidades de produção), inscreveram uma
odisséia na história da colonização. O eucalipto, como árvore rei (opulento e
dominador) - nos ambientes das outroras roças, mantém-se fonte de renda para milhares de
descendentes dos pioneiros.
Guido Lang
Livro “Histórias das
Colônias”
(Literatura Colonial
Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: http://bionarede.blogspot.com.br/2011/12/eucaliptos-viloes-ou-herois.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário